Se a sua resposta foi sim, então vai gostar muito do filme “A Companhia” (The Company, 2007), que mostra alguns dos mais emocionantes embates entre CIA e KGB desde a década de 1950 até a queda do muro de Berlim.
Com o formato de uma mini-série, contendo 3 episódios e 285 minutos de duração, “A Companhia” apresenta determinadas características que lembram um documentário. Em primeiro lugar, por cobrir um período da mais de 40 anos de história, com atores “envelhecendo” em cena. Em segundo lugar, por incluir eventos e pessoas reais, em alguns dos momentos mais tensos da Guerra Fria.
Os dois pontos altos são os que descrevem a Revolução Húngara, de 1956, e a invasão da Baía dos Porcos, de abril de 1961.
O primeiro episódio foi uma revolta popular contra a influência soviética na Hungria, inicialmente apoiada e depois abandonada pela CIA, dado os temores de início da terceira guerra mundial. O Exército Vermelho (soviético) massacrou os revoltosos depois que KGB e CIA confirmaram, tacitamente, que a Hungria estava sob a “zona de influência” russa.
Já o caso da invasão da Baía dos Porcos é bem mais conhecido, sendo a ocasião em que a CIA treinou e apoiou cerca de mil e duzentos exilados cubanos numa invasão frustrada da ilha de Castro.
O mais do filme é ficção, não menos recheada de espionagem e contra-espionagem, informação, desinformação e agentes duplos. Um prêmio para o expectador é a fantástica atuação de Michael Keaton, na pele de James Jesus Angleton, um lendário funcionário real da CIA, que desperta grande interesse por suas excentricidades.
Uma ressalva final: claro que nem tudo exposto no filme é compatível com o que de fato ocorreu, e claro que a questão moral sobre os atos de espionagem não foi discutida neste post e nem é aprofundada no filme, apesar de que o tom melancólico de algumas partes, sobretudo no terceiro episódio, mostra bem que algo cheira mal neste mundo de trapaças. Feita a ressalva, o filme, ainda assim, vale muito a pena.
Veja um trailer aqui.
20.9.08
5.9.08
Na corte do Rei D. João
Estou lendo atualmente o livro “Os Donos do Poder”, escrito por Raymundo Faoro. Trata-se de um livro de enorme amplitude histórica, que faz uma análise minuciosa das classes dirigentes portuguesas, primeiro, e brasileiras, depois, desde o século XIII até os anos 1930.
Talvez escreva um resumo sobre ele depois. Por ora, quero apenas comentar uma passagem curiosa. Lá pela página 290, Faoro discute a questão do desperdício na corte de D. João VI (o que chegou ao Brasil fugido de Portugal, em 1808). Para exemplificar esse desperdício, o autor elenca os itens da “ração diária” de uma das criadas do palácio real. Reproduzo aqui os tais itens, em unidades equivalentes às que usamos hoje:
- 3 galinhas
- 4,5 Kg de carne de vaca
- 230 g de presunto
- 2 chouriços
- 2,7 Kg de carne de porco
- 2,3 Kg de pão (!!)
- 230 g de manteiga (que era muito escassa nessa época)
- 2 garrafas de vinho
- 450 g de vela
- 450 g de açúcar
- quantidade não especificada de café, frutas, massas e folhados, legumes, azeites e outros temperos.
Impressionante, não?? Se fosse nos dias de hoje já soaria absurda essa tal “ração diária”, agora imagine conseguir isso tudo em 1818 (ano desse relato), num país que produzia basicamente açúcar, algodão, fumo, couros e um pouco de café! O resto eram lavouras de subsistência ou itens importados.
Bom, nada mais a dizer. Apenas que deve ter sido um ótimo emprego esse de “aia” [espécie de babá] lá pelos anos de 1810, na corte do Rei D. João.
4.9.08
Dica de documentário
Imagine um território de 45 Km de comprimento por 6,5 Km de largura. Agora imagine 1 milhão e 200 mil pessoas vivendo dentro dele. Imagine que essa população tenha um grande fervor religioso e esteja submetida a toda sorte de necessidades materiais. Imagine, por fim, que esse território esteja sob clima de guerra há décadas!
Difícil imaginar tudo isso, não? Mas é exatamente essa a realidade da Faixa de Gaza, região exprimida entre Israel, Egito e o Mar Mediterrâneo, e muito bem retratada no excelente documentário “Gaza Strip” (por James Longley, 2002).
E tem uma qualidade extra, esse filme, a de ser narrado principalmente a partir da visão de crianças que, como quaisquer outras crianças, sabem reproduzir com total sinceridade as opiniões e sentimentos dos adultos que povoam seu mundo.
Por último, uma ressalva. O documentário, apesar de excelente, não pode ser visto como a verdade final sobre a questão “israelenses versus palestinos”, pois mostra apenas um dos lados da situação, que é o lado árabe-palestino. Isso não diminui nem um pouco, entretanto, a importância do filme. O expectador certamente sai de seus 74 minutos de duração com uma visão totalmente reconstruída do drama real que é a realidade no Oriente Médio.
Abaixo, um pedaço do documentário.
Difícil imaginar tudo isso, não? Mas é exatamente essa a realidade da Faixa de Gaza, região exprimida entre Israel, Egito e o Mar Mediterrâneo, e muito bem retratada no excelente documentário “Gaza Strip” (por James Longley, 2002).
E tem uma qualidade extra, esse filme, a de ser narrado principalmente a partir da visão de crianças que, como quaisquer outras crianças, sabem reproduzir com total sinceridade as opiniões e sentimentos dos adultos que povoam seu mundo.
Por último, uma ressalva. O documentário, apesar de excelente, não pode ser visto como a verdade final sobre a questão “israelenses versus palestinos”, pois mostra apenas um dos lados da situação, que é o lado árabe-palestino. Isso não diminui nem um pouco, entretanto, a importância do filme. O expectador certamente sai de seus 74 minutos de duração com uma visão totalmente reconstruída do drama real que é a realidade no Oriente Médio.
Abaixo, um pedaço do documentário.
23.8.08
Sobre Churchill
E o que dizer de Winston Churchill, afinal?
O que mais se diz dele é que foi o principal obstáculo entre Hitler e a dominação germânica do mundo. De fato, as divisões militares alemãs eram tão imbatíveis, ao final dos anos 1930, que bastaram 3 meses para a rendição da França. Seria absolutamente compreensível se a Inglaterra também tivesse cedido a algum tipo de paz negociada com os alemães.
Mas os ingleses resistiram, e resistiram sozinhos por dois longos anos, entre 1940 e 1941, já que os Estados Unidos estavam totalmente contrários à idéia de um engajamento militar nos “assuntos europeus”. Essa incrível resistência inglesa, contudo, só foi possível graças à tenacidade e à liderança pessoal de Churchill, que animava o espírito da nação por meio de discursos no rádio – novidade tecnológica da época.
Ele não foi, entretanto, apenas um líder fantástico durante a guerra, mas também um político de grande sucesso em tempos de paz, tendo permanecido 62 anos no Parlamento inglês e ocupado vários ministérios ao longo da vida. E não pára por aí: foi militar, quando jovem. Percorreu, como correspondente de jornal e oficial de cavalaria, várias frentes de batalha, no início do século XX, quando o Império Britânico enfrentava rebeliões nas mais remotas regiões do globo. Foi prisioneiro de guerra, após luta heróica, durante a Guerra dos Boers, na África do Sul. Fugiu da prisão e voltou famoso à Inglaterra, com 25 anos de idade e 3 livros publicados.
Talvez nesse ponto a personalidade de Churchill comece a causar maior espanto ainda, por conta da enorme capacidade de discursar e escrever muito, e muito bem! Basta dizer que foi prêmio Nobel de Literatura, em 1952. Além do singelo fato de ser um apaixonado e profícuo pintor nas horas vagas.
Isso tudo, porém, não significa que tenha sido um ser humano perfeito. Nascido em berço aristocrático, era arrogante em muitas situações, ainda que sinceramente preocupado com as “classes inferiores”, tão numerosas na Inglaterra da primeira metade do século XX. Era dominador, impetuoso, teimoso. Um dos grandes méritos do livro de Jenkins é mostrar, com naturalidade, também o lado ruim da figura de Churchill.
Mas a auto-confiança inabalável, a capacidade de trabalhar incansavelmente sob quaisquer condições, a energia interna inesgotável e o toque de gênio, quase sempre evidente nele, fazem Churchill absolutamente admirável.
E se depois disso tudo que disse você ainda ficou com gostinho de quero mais, leitor curioso, então é o caso de ler o livro você também. Certamente não se arrependerá do tempo empregado!
É isso aí. E volto em breve para comentar outros livros e algumas cositas mais.
O que mais se diz dele é que foi o principal obstáculo entre Hitler e a dominação germânica do mundo. De fato, as divisões militares alemãs eram tão imbatíveis, ao final dos anos 1930, que bastaram 3 meses para a rendição da França. Seria absolutamente compreensível se a Inglaterra também tivesse cedido a algum tipo de paz negociada com os alemães.
Mas os ingleses resistiram, e resistiram sozinhos por dois longos anos, entre 1940 e 1941, já que os Estados Unidos estavam totalmente contrários à idéia de um engajamento militar nos “assuntos europeus”. Essa incrível resistência inglesa, contudo, só foi possível graças à tenacidade e à liderança pessoal de Churchill, que animava o espírito da nação por meio de discursos no rádio – novidade tecnológica da época.
Ele não foi, entretanto, apenas um líder fantástico durante a guerra, mas também um político de grande sucesso em tempos de paz, tendo permanecido 62 anos no Parlamento inglês e ocupado vários ministérios ao longo da vida. E não pára por aí: foi militar, quando jovem. Percorreu, como correspondente de jornal e oficial de cavalaria, várias frentes de batalha, no início do século XX, quando o Império Britânico enfrentava rebeliões nas mais remotas regiões do globo. Foi prisioneiro de guerra, após luta heróica, durante a Guerra dos Boers, na África do Sul. Fugiu da prisão e voltou famoso à Inglaterra, com 25 anos de idade e 3 livros publicados.
Talvez nesse ponto a personalidade de Churchill comece a causar maior espanto ainda, por conta da enorme capacidade de discursar e escrever muito, e muito bem! Basta dizer que foi prêmio Nobel de Literatura, em 1952. Além do singelo fato de ser um apaixonado e profícuo pintor nas horas vagas.
Isso tudo, porém, não significa que tenha sido um ser humano perfeito. Nascido em berço aristocrático, era arrogante em muitas situações, ainda que sinceramente preocupado com as “classes inferiores”, tão numerosas na Inglaterra da primeira metade do século XX. Era dominador, impetuoso, teimoso. Um dos grandes méritos do livro de Jenkins é mostrar, com naturalidade, também o lado ruim da figura de Churchill.
Mas a auto-confiança inabalável, a capacidade de trabalhar incansavelmente sob quaisquer condições, a energia interna inesgotável e o toque de gênio, quase sempre evidente nele, fazem Churchill absolutamente admirável.
E se depois disso tudo que disse você ainda ficou com gostinho de quero mais, leitor curioso, então é o caso de ler o livro você também. Certamente não se arrependerá do tempo empregado!
É isso aí. E volto em breve para comentar outros livros e algumas cositas mais.
22.8.08
Para descontrair..
“Esse negócio de olimpíadas é uma grande bobagem! Não existem esportes. O que existe é uma porção de duelos emocionais e psicológicos entre seres humanos, em 34 modalidades de “macaquices” diferentes.”
[Para quem não conhece, Confúseos é um guru tupiniquim de fama internacional. Dá pitacos tidos como “de grande insight” em quase todos os assuntos importantes, e não tão importantes assim, da cena brasileira. E também é palestrante, altamente requisitado, de 5 dígitos a hora.]
Confúseos, em declaração a importante revista de circulação nacional.
[Para quem não conhece, Confúseos é um guru tupiniquim de fama internacional. Dá pitacos tidos como “de grande insight” em quase todos os assuntos importantes, e não tão importantes assim, da cena brasileira. E também é palestrante, altamente requisitado, de 5 dígitos a hora.]
21.8.08
Sobre biografias
Bom, o que ia dizer sobre biografias em geral cabe em quatro palavras: elas são muito importantes!
Assim dito parece pouco, mas não é. Na minha vida de leitor não posso dizer que tenha dado grande prioridade a biografias. Consigo listar, agora, dez delas que li, apenas. Pode até parecer muito, para alguém mais novo ou menos dado a livros do que eu, mas certamente soa ínfimo para alguém mais velho ou mais bom leitor. Mas o que me impressiona é o fato de lembrar quase tudo que li nessas biografias! Tendo a considerar, isso dito, que boas biografias marcam mais o espírito humano que a média dos livros.
Enquanto lia Churchill, de Roy Jenkins, voltei a pensar sobre essa capacidade de impacto no longo prazo que têm as biografias. Cheguei à conclusão, que admito soar tola, compreensivo leitor, de que linhas biográficas apelam diretamente ao nosso desejo humano de auto-superação.
O porquê desse desejo eu não sei exatamente explicar. Alguns diriam que esse é um elemento cultural fortemente construído ao longo dos séculos pelas sociedades ocidentais e, ao que tudo indica, compartilhado pelos orientais, ainda que com roupagens distintas. Outros argumentariam que o ideal de superação é inerente à condição humana, tão normal de se possuir quanto o instinto de sobrevivência.
Não sei exatamente, mas talvez as duas versões tenham seu grau de verdade e de complementariedade. O ponto é, seja qual for a origem desse ideal “superacionista” humano, ele parece se entender muito bem com biografias. É como se, ao longo de um livro desses, fôssemos “calibrando” nossa própria vontade de superação, marcando territórios quanto ao que podemos e ao que não podemos fazer. E olha que grandes homens surpreendem sempre quando o assunto é fazer o impossível!
De qualquer modo, acho que aí vai explicado aquilo que pretendia ao afirmar que biografias são muito importantes. Eu mesmo pretendo, com isso, acelerar minhas leituras para voltar a deliciar-me com outras biografias, tão cedo quanto possível.
Paro por aqui, leitor paciente, que a coisa já se estendeu bastante! Volto em breve para falar do Churchill, propriamente dito, antes que a minha língua comprida diminua o brilho do Sr. Winston, que é o inspirador real dessas linhas todas.
Assim dito parece pouco, mas não é. Na minha vida de leitor não posso dizer que tenha dado grande prioridade a biografias. Consigo listar, agora, dez delas que li, apenas. Pode até parecer muito, para alguém mais novo ou menos dado a livros do que eu, mas certamente soa ínfimo para alguém mais velho ou mais bom leitor. Mas o que me impressiona é o fato de lembrar quase tudo que li nessas biografias! Tendo a considerar, isso dito, que boas biografias marcam mais o espírito humano que a média dos livros.
Enquanto lia Churchill, de Roy Jenkins, voltei a pensar sobre essa capacidade de impacto no longo prazo que têm as biografias. Cheguei à conclusão, que admito soar tola, compreensivo leitor, de que linhas biográficas apelam diretamente ao nosso desejo humano de auto-superação.
O porquê desse desejo eu não sei exatamente explicar. Alguns diriam que esse é um elemento cultural fortemente construído ao longo dos séculos pelas sociedades ocidentais e, ao que tudo indica, compartilhado pelos orientais, ainda que com roupagens distintas. Outros argumentariam que o ideal de superação é inerente à condição humana, tão normal de se possuir quanto o instinto de sobrevivência.
Não sei exatamente, mas talvez as duas versões tenham seu grau de verdade e de complementariedade. O ponto é, seja qual for a origem desse ideal “superacionista” humano, ele parece se entender muito bem com biografias. É como se, ao longo de um livro desses, fôssemos “calibrando” nossa própria vontade de superação, marcando territórios quanto ao que podemos e ao que não podemos fazer. E olha que grandes homens surpreendem sempre quando o assunto é fazer o impossível!
De qualquer modo, acho que aí vai explicado aquilo que pretendia ao afirmar que biografias são muito importantes. Eu mesmo pretendo, com isso, acelerar minhas leituras para voltar a deliciar-me com outras biografias, tão cedo quanto possível.
Paro por aqui, leitor paciente, que a coisa já se estendeu bastante! Volto em breve para falar do Churchill, propriamente dito, antes que a minha língua comprida diminua o brilho do Sr. Winston, que é o inspirador real dessas linhas todas.
19.8.08
Cielo e os ginastas brasileiros
(... continuando)
Uma pergunta, no entanto, insinua-se imediatamente na minha cabeça, ao pensar na medalha de ouro de Cielo: por que nossos atletas da ginástica saíram de mãos abanando de Beijing? Tínhamos ao menos 3 nomes com favoritismo bem superior ao de Cielo, em suas respectivas provas.
A resposta, claro, não é simples, mas tenho cá comigo uma forte sugestão: a de que faltou estrutura emocional para os ginastas.
Digo isso sem querer, de forma alguma, desmerecê-los. Por estarem nas Olimpíadas e por tudo que já conquistaram, esses atletas têm todo o meu respeito e admiração. Eles são, a priori, vencedores! Acontece que parece ter faltado, nos momentos decisivos, a certeza interior da vitória.
E, mais, suspeito que parte dessa falta de confiança provenha do modo como funcionam essas equipes de atletas em esportes individuais. Pelo que já ouvi da boca de uma pessoa que viveu numa equipe dessas, em nível não tão profissionalizado, sempre há rivalidade excessiva e, porque não dizer, até uma certa “competição maldosa” dentro de grupos assim. Isso acontece porque, quando alguém ganha, ele leva a honra sozinho, e não compartilhada como nos esportes coletivos.
Cafú tem o respeito do público pela Copa de 94 tanto quanto Taffarel ou Romário. Mas se Diego Hipólito ganhasse o ouro olímpico, os demais rapazes da equipe masculina de ginástica continuariam absolutamente desconhecidos. Aí se abrem os caminhos da rivalidade ruim para esses times. Penso que seja fácil evoluir para uma espécie de “peleguismo”: “ninguém ganha, ninguém vira queridinho do país sozinho e todos continuam iguais”. Que difícil superar semelhante “prisão” psicológica!
Ué, perguntará o leitor atento, mas o Cielo também não é parte de uma equipe, a da natação brasileira? Tem razão, leitor atento. Ele é, sim. Mas de alguma forma ele demonstrou ter desenvolvido uma atitude psicológica de campeão, desde o início. Em todas as entrevistas antes da final, ele dizia, sem constrangimentos, que melhoraria seu tempo, que traria o ouro no 50m livres! Dava sinais de absoluta confiança na sua capacidade. Toda essa confiança ele fez traduzir numa prova perfeita, na hora que a coisa era pra valer.
E por isso esses posts, esse tributo. Parabéns novamente ao campeão Cielo. E que nossos ginastas encontrem seus caminhos rumo à glória olímpica, porque eles também a merecem, e muito!
A resposta, claro, não é simples, mas tenho cá comigo uma forte sugestão: a de que faltou estrutura emocional para os ginastas.
Digo isso sem querer, de forma alguma, desmerecê-los. Por estarem nas Olimpíadas e por tudo que já conquistaram, esses atletas têm todo o meu respeito e admiração. Eles são, a priori, vencedores! Acontece que parece ter faltado, nos momentos decisivos, a certeza interior da vitória.
E, mais, suspeito que parte dessa falta de confiança provenha do modo como funcionam essas equipes de atletas em esportes individuais. Pelo que já ouvi da boca de uma pessoa que viveu numa equipe dessas, em nível não tão profissionalizado, sempre há rivalidade excessiva e, porque não dizer, até uma certa “competição maldosa” dentro de grupos assim. Isso acontece porque, quando alguém ganha, ele leva a honra sozinho, e não compartilhada como nos esportes coletivos.
Cafú tem o respeito do público pela Copa de 94 tanto quanto Taffarel ou Romário. Mas se Diego Hipólito ganhasse o ouro olímpico, os demais rapazes da equipe masculina de ginástica continuariam absolutamente desconhecidos. Aí se abrem os caminhos da rivalidade ruim para esses times. Penso que seja fácil evoluir para uma espécie de “peleguismo”: “ninguém ganha, ninguém vira queridinho do país sozinho e todos continuam iguais”. Que difícil superar semelhante “prisão” psicológica!
Ué, perguntará o leitor atento, mas o Cielo também não é parte de uma equipe, a da natação brasileira? Tem razão, leitor atento. Ele é, sim. Mas de alguma forma ele demonstrou ter desenvolvido uma atitude psicológica de campeão, desde o início. Em todas as entrevistas antes da final, ele dizia, sem constrangimentos, que melhoraria seu tempo, que traria o ouro no 50m livres! Dava sinais de absoluta confiança na sua capacidade. Toda essa confiança ele fez traduzir numa prova perfeita, na hora que a coisa era pra valer.
E por isso esses posts, esse tributo. Parabéns novamente ao campeão Cielo. E que nossos ginastas encontrem seus caminhos rumo à glória olímpica, porque eles também a merecem, e muito!
Tributo a César Cielo
Vamos desviar um pouco nosso caminho, caro leitor, para homenagear a enorme conquista desse rapaz de Santa Bárbara D’Oeste, que se tornou o mais rápido nadador olímpico na mais rápida prova da natação.
Digo, sem pudores, que fiquei emocionado ao vê-lo chorando no pódio. Fiquei imaginando que insondáveis sacrifícios ele havia feito para estar ali, para viver aqueles instantes e a consagração posterior.
Aqui vai, portanto, esses parabéns anônimos ao maior nadador brasileiro de todos os tempos.
Digo, sem pudores, que fiquei emocionado ao vê-lo chorando no pódio. Fiquei imaginando que insondáveis sacrifícios ele havia feito para estar ali, para viver aqueles instantes e a consagração posterior.
Aqui vai, portanto, esses parabéns anônimos ao maior nadador brasileiro de todos os tempos.
(continua...)
15.8.08
Biografia de Churchill
Terminei, há algumas semanas, a leitura de uma biografia de Winston Churchill, escrita por Lord Roy Jenkins. O pesado volume (897 páginas em letras miúdas!) foi uma companhia muito agradável por um longo mês. Confesso que senti saudades quando ele retornou à biblioteca onde vive, quase perdido numa das muitíssimas estantes da Biblioteca do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), da Unicamp.
Sentimentalismos à parte, meu caro leitor inexistente, decidi começar, por meio desse livro, a tecer um punhado de idéias que desejo expor aqui no blog.
Vou dividir em outros dois posts, a princípio, algumas questões importantes que esse livro amigo me fez considerar. O primeiro será sobre a importância de biografias na nossa formação humana. O segundo, sobre o próprio Churchill, figura multifacetada e fascinante. Tão multifacetada e tão fascinante, que ousaria dizer (baseado no que conheço do mundo) que teria um lugar destacado na seleta lista dos chamados “grandes homens de todos os tempos”.
Não há dúvidas, diria um inglês, que Churchill está muito bem posicionado entre as maiores personalidades inglesas de todos os tempos. Só por isso já seria, também, importante figura na história de toda a humanidade.
É isso aí. Volto em breve. E nada de ansiedades exageradas, leitor solitário. Prometo voltar mais rápido, dessa vez, para concluir essas idéias mal-começadas.
5.8.08
Afinal, estréia!
Até que enfim! Depois de muito hesitar, finalmente escrevo meu primeiro post! Pode parecer bobo à primeira vista, mas venho planejando iniciar um blog há tempos, há meses! Bom, fico feliz por ter tomado uma atitude, vencido as hesitações e iniciado finalmente esse espaço.
Algum leitor desavisado que, por descuido ou acaso, tropece nesta página e sinta alguma inclinação por ler estas linhas - ainda duvido que algum o faça - poderia perguntar-se que tipo de dúvidas teria um sujeito que pretende criar um blog e posterga a tarefa reiteradamente... Boa pergunta, leitor inexistente! Eu explicaria, então, ao pretenso colega, que para os indecisos "tudo é muito mais complicado", como diria Confúseos. Mas quem é Confúseos? retrucaria então o não-leitor. Bom, quanto a esse eu explico mais tarde.
Por ora digo que as hesitações na criação do blog se deveram ao formato que teria, ao conteúdo que viria mostrar (o qual, espero, permita-me criar algo duradouro), qual meio usar (Wordpress? Blogger?), se teria domínio próprio (valeria a pena criar logo de cara uma página independente, com domínio próprio?)... bom, e por aí vai, que já disse o suficiente para cansar a mente de algum ser humano decidido e confiante.
Paro aqui. Está criado. Será melhorado. E até a próxima.
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