15.1.10

Sobre o Relativismo

Há algumas semanas atrás estive envolvido numa discussão peculiar com alguns colegas de trabalho. Dois deles defendiam que a barata é pelo menos tão evoluída quanto o homem. Justificavam dizendo que em caso de uma guerra nuclear elas sobreviveriam; e nós, não. Além disso, diziam, elas também estão espalhadas por todos os continentes. E, por fim, que, do ponto de vista da natureza, barata e homem estavam a um mesmo nível.

Apesar de eu não saber confirmar a veracidade de alguns dos argumentos apresentados, defendi, junto com outro colega, idéias opostas. Afirmei que o homem possui uma inteligência muito superior, e, por exemplo, uma notável capacidade de transmissão de idéias, além das noções de estética e arte. Desde há vários séculos, nossos antepassados continuariam a se comunicar conosco por meio de escritos e objetos deixados à posteridade.

Refletindo sobre o ocorrido, horas depois, cheguei a uma conclusão: as origens remotas dessa discussão poderiam muito bem estar numa questão muito mais geral, que há tempos me incomoda – o Relativismo.

Creio que foi no período de tempo que vai da divulgação das idéias Darwinistas, em meados do século XIX, até a superexposição das idéias do homem inteligente mais famoso do século XX, Albert Einstein – principalmente por meio de seu feito mais notável, conhecido e incompreendido: A Teoria da Relatividade – que o Relativismo ganhou ares de verdade universal.

Que fique muito claro: o Relativismo é uma coisa boa! A minha mente científica também louva os feitos daqueles que, como Darwin e Einstein, ampliaram as lentes sobre as quais vemos nossa realidade. O problema está no fato de que o relativismo não é uma lei universal, não se aplica a tudo.

Pior, há uma contradição intrínsica no uso exagerado do relativismo: ao invés de ampliar a nossa capacidade interpretativa da realidade, como pode parecer a princípio, ele muitas vezes a limita, porque não permite construir conceitos encadeados, dada a multiplicidade de idéias básicas que supostamente têm o mesmo valor. Em outras palavras, quando adotado indiscriminadamente, o relativismo não permite idéias sobre idéias, conceitos sobre conceitos, uma vez que impede a aceitação categórica de algumas realidades muito evidentes.

Tão evidentes, por exemplo, quanto o fato de o ser humano ser muito superior às baratas.