23.11.11

Brasil: primeiro ou terceiro mundo?

Há tempos que reflito sobre a questão acima, e consolidei uma resposta que penso ser a mais adequada: o Brasil de hoje não é nem primeiro nem terceiro mundo, mas sim ambos, ao mesmo tempo.
Quando eu cursei o meu ensino fundamental e médio, estávamos na década de 1990. Muitos dos meu professores haviam sido educados num período em que a União Soviética ainda existia e, consequentemente, fui ensinado a enxegar os antigos países socialistas como segundo mundo, e o Brasil como parte do terceiro.

Já ao longo da década dos anos 2000, quando fui para a universidade e me graduei, após a estabilização monetária promovida por FHC, e quando o governo Lula investiu pesadamente em promoção social, o Brasil passou a ser visto como emergente. E foi assim que eu também passei a pensar a minha pátria.

Contudo, há dois anos sai do interior de São Paulo para ir morar na cidade do Rio de Janeiro, que, para mim, é a grande síntese do Brasil, mais do que qualquer outra cidade brasileira. No Rio, o sul e o norte do país se encontram, o nível de industrialização não é tão alto e a participação do Estado na vida social é considerável – o que ocorre em maior proporção quando se vai para o norte e em menor quando se vai para o sul.

Além de vivenciar o dia-a-dia da cidade maravilhosa (também grande símbolo do país para os que o vêem de fora), eu fui trabalhar em um centro de pesquisa e desenvolvimento de uma empresa multinacional do setor de óleo e gás.

Foi então que passei a refletir mais sobre como estava organizada a minha vida: eu podia morar relativamente bem, em um apartamento da Zona Sul carioca, mas ao mesmo tempo não era possível ignorar as favelas ao meu entorno – primeiro e terceiro mundo, lado a lado.

Eu podia fazer compras em um Pão de Açúcar, organizado, limpo, com bastante variedade de produtos, ou podia ir ao Mundial de Copacabana, bagunçado, muitas vezes sujo, embora com preços abaixo da média (cheguei a comprar produto vencido lá, o que só descobri quando já estava em casa) – primeiro e terceiro mundo, há poucas quadras de distância.

Eu podia ir de casa ao trabalho em um corolla quase zero (bancado pela empresa), com motorista de terno e gravata, ar-condicionado e banco de couro, ou então pegar um táxi com um motorista que corria sempre acima do limite do velocidade, recortando todos na pista, e quase batendo a cada esquina (de fato, por uma ocasião o táxi em que eu estava colidiu com outro automóvel, na famosa Linha Vermelha) – primeiro e terceiro mundo.

Teria vários outros exemplos para ilustrar isso que quero dizer, caro leitor, mas acho que já entende o meu ponto, não é mesmo?

Mas, acima de todos esses exemplos, havia o trabalho. No meu local de trabalho, em um prédio recém-construído, com arquitetura diferenciada e o “estado da arte” ao alcance dos olhos, eu falava inglês e tratava de igual para igual com outros centros similares em Houston ou na Noruega. Certamente, primeiro mundo. Quando a jornada se concluia, contudo, sempre às 4h da tarde por questões de segurança, eu voltava para casa passando em frente aos Complexos da Maré e do Alemão, vendo por quilômetros a fio cenas dignas da Áfria sub-saariana. Por certa ocasião presenciei bandidos trocando tiros de armamento pesado, um deles no meio da pista, ao passar próximo da comunidade do Cajú.

Foi então que se consolidou a minha explicação para o que vivemos no Brasil de hoje. Moderno em muitos sentidos. Desigual, atrasado e indiferente em muitos outros. Primeiro e terceiro mundo, lado a lado, ao mesmo tempo.

1.11.11

Férias na Europa! - Paris

A chegada em Paris, pelo aeroporto Charles de Gaulle, já é bastante promissora. O aeroporto é enorme, e conta com duas estações de trens. Pelo preço aproximado de 10 euros é possível pegar um desses trens e ir direto para o centro da cidade. No nosso caso, fomos à estação Gare du Nord, situada próxima do hotel em que ficaríamos hospedados.


Multiculturalismo
Ao desembarcar na Gare du Nord, uma das mais tradicionais estações de trem de Paris, notamos que, de cada 10 pessoas, no máximo 2 tinham aparência do tradicional francês. Os outros 8 quase com certeza eram estrangeiros. Em sua maioria, cidadãos de origem africana ou árabe.
Sou muitíssimo favorável ao pluralismo cultural, e sempre penso que nós brasileiros somos um caso de sucesso dessa mistura de nacionalidades. Só não sabia que essa era a realidade da França. E de forma tão intensa!

Sujeira
Ainda na Gare du Nord, e depois ao sair dela caminhando, percebecemos que, ao menos naquela região, não se podia dizer que as ruas estavam limpas.
E isso de certa forma foi chocante. Mais por ver algo contrário à nossa expectativa.
Pensando bem, não é uma tarefa fácil manter sempre limpas as ruas de uma cidade tão populosa. Mas, no nosso imaginário, as ruas européias são sempre limpas e belas...

Beleza
De fato, as ruas eram belas. E não só as ruas. Os palácios, os monumentos, os canais, e mais um bocado de coisas. A estética da cidade-luz não é famosa à toa. São muitos os atrativos visuais, especialmente na região mais central.
E Paris de fato condiz com o que já me haviam dito sobre a cidade: há muito para se ver! São muitas atrações diferentes e interessantes.


Passeios
Com tanta coisa para se ver e fazer, claro que tivemos que eleger prioridades. Então, nossos passeios principais, na primeira passagem pela cidade, foram:

  • Champs-Elysée: vazia na parte da manhã e simplesmente lotada depois do almoço. Fomos a um dos seus cinemas, e percorremos a rua algumas vezes.

  • Torre Eiffel: vale a pena ir com calma. São 3 níveis. Fomos de escada até o segundo, algo que faria de novo e recomendo, pois permite apreciar muito bem a vista, com diferentes perspectivas. O último andar requer a compra de um segundo ticket, e só pode ser alcançado de elevador. Deve ser a melhor vista da cidade.

  • Arco do Triunfo: muito bonito. Nos demos por satisfeitos de vê-lo por baixo, mas é possível subi-lo também.

  • Louvre: fantástico! Mas haja perna! É um dos passeios mais desgastantes, embora muito recompensador.

  • Panthéon: local de culto às grandes personalidades francesas. Interessante e bonito, mas não indispensável.

  • Sacré Coeur: linda igreja, em local alto, com ótima vista. Assistimos uma bela missa nela. Infelizmente, há muitos ambulantes por perto e até pessoal fazendo o velho truque das tampinhas com bolinha embaixo, ou versões variadas do mesmo (e, claro, trata-se de um golpe, no qual nunca se pode ganhar). Ou seja, o contorno do local traz uma sensação de insegurança.

  • Jardin du Luxembourg: belíssimo! Fizemos um piquenique nele. Merece uma visita.

  • Notre-Dame de Paris: fantástica também! Assistimos uma missa de domingo nela. Vale muito a pena visitá-la. É possível subir nas torres, mas só se chegar cedo ou tiver muita paciência para esperar uma longa fila. Não subimos.

  • Bateau-mouche: um dos melhores passeios! Um pouco caro, mas vale cada centavo, pois se tem uma excelente perspectiva da cidade a partir do rio Sena.



Gosto de quero mais!
Só de pensar em Paris, já dá vontade de voltar. Ficamos devendo alguns passeios (não visitamos o palácio de Versailles, por exemplo, que fica um pouco afastado do centro da cidade). Mas ainda que tivéssemos visto tudo, valeria a pena voltar, porque, mesmo não sendo perfeita, a cidade tem alguma coisa especial e um quê de não saciar nunca o visitante.